quinta-feira, 28 de maio de 2009

Barça: o novo time dos sonhos!


* Post de André Rocha do Blog Futebol e Arte

Cinco minutos da “Final dos Sonhos” em Roma. Desesperado ao ver sua equipe acuada diante de um Manchester United jogando certo ao avançar a marcação desde o ataque e dar a bola a Cristiano Ronaldo contra a remendada defesa, Guardiola foi à beira do campo e, gesticulando bastante, fez um sinal para seus atacantes. Discretamente, Eto’o e Messi mudaram o posicionamento em campo, com o craque argentino indo para o centro do ataque e o camaronês se deslocando para a direita, repetindo a alteração da última vez em que o Barcelona foi atacado por um oponente corajoso: contra o Real Madrid no Santiago Bernabéu pela liga espanhola.

Cristiano Ronaldo, que já havia batido uma falta que Valdés deu rebote, ainda daria mais dois chutes perigosos ao gol. Mas na primeira jogada em que o Barcelona conseguiu sair tocando de trás, veio o pane na retaguarda dos Red Devils. Quem marcaria Messi pelo meio? Carrick? Um dos zagueiros? Enquanto eles decidiam o que fazer, Iniesta arrancou e lançou Eto’o às costas de Evra. Vidic, que estava atento aos movimentos do camisa 10 blaugrana, chegou já vendido na cobertura, levou um corte seco do camisa nove, que bateu de bico, na saída de Van der Sar, abrindo o placar e praticamente definindo a partida com apenas dez minutos de jogo.

Porque poucas vezes se viu um time desmanchar de forma tão acachapante depois de levar um gol como os comandados de Alex Ferguson. Quem estava invicto há 25 partidas no torneio, tomava conta da partida com autoridade, utilizando praticamente a mesma formação que deu tão certo na semifinal contra o Arsenal em Londres, não acertava mais um passe de dois metros e nem achava o adversário na marcação. O Barça, talentoso e confiante com a vantagem no placar, tomou conta da partida. Xavi e Iniesta ditavam o ritmo no meio-campo com liberdade e tranqüilidade, Messi flutuava às costas dos volantes, armava os contragolpes e ainda arriscou chute perigoso que assustou o goleiro adversário; e até a defesa, o ponto fraco pelas ausências de Daniel Alves, Rafa Márquez e Abidal, marcava bem, com Sylvinho tranqüilo no confronto com um abatido Park, Puyol controlando Rooney do outro lado e Touré e Piqué acertando o posicionamento no cerco a Ronaldo.

No intervalo, o “apagão” da equipe acabou contagiando o treinador, que foi profundamente infeliz na substituição. Não pela entrada de Tevez, que era até necessária, muito menos pela saída do inócuo Anderson, mas pelo recuo de Giggs, que pouco fez como o homem de ligação no 4-4-1-1 do Manchester e sobrecarregou ainda mais o já perdido Carrick como meia central. Com uma cratera na intermediária do oponente para explorar, Xavi e Iniesta comandaram o espetáculo catalão no segundo tempo.

Aos 3, Iniesta fez belo lançamento para Henry, que puxou contragolpe pela esquerda em diagonal, passou como quis por Ferdinand, mas bateu fraco em cima do goleiro. Quatro minutos depois, cobrança de falta de Xavi na trave. Ferguson só olhava para o ataque e trocou Park por Berbatov aos 20. Quatro minutos depois, o golpe de misericórdia para premiar a mexida de Guardiola, que deu certo na goleada de 6 a 2 sobre o arquirrival e funcionava novamente, e os dois melhores jogadores da temporada européia: cruzamento perfeito de Xavi pela direita em sua sétima assistência na liga, e cabeçada certeira de Messi, como um centroavante, no contrapé de Van der Sar. Foi o nono gol do "Pulga" na competição, consolidando sua artilharia. O fecho perfeito para uma temporada brilhante da dupla.

Com a derrota sacramentada, o treinador que foi o grande artífice da jornada vitoriosa do Manchester na temporada fez a substituição que precisava com, pelo menos, um tempo de jogo de atraso: Scholes entrou na vaga de Giggs. De nada adiantou, pois a festa blaugrana dentro e fora de campo já havia começado. Puyol ainda perdeu duas boas chances e apanhou de um descontrolado Cristiano Ronaldo que merecia a expulsão, mas não pode ser crucificado pelo revés de sua equipe, nem ser chamado de “amarelão”, já que luta e entrega não faltaram. O problema foi que a bola chegou pouco a partir do primeiro gol.

Conquista mais que justa do melhor e mais vistoso time do planeta. Mas é dever também deixar a ressalva da péssima arbitragem em Londres na semifinal contra o Chelsea que ajudou demais na classificação para a decisão. Messi será o Bola de Ouro da FIFA pelos títulos, gols e jogadas. E se houver meritocracia de verdade, o segundo lugar deve ser de Xavi, o melhor da final e o cérebro de um time já histórico com o inédito “triplete”: liga nacional, Copa do Rei e UCL.

Palmas também para Pepe Guardiola, campeão como jogador em 1992 e agora como técnico, o segundo mais jovem, aos 38 anos (dois a menos do que Jose Villalonga, vencedor aos 36 pelo Real Madrid em 1956). E também o cara que começou a mudar o jogo e a história com um simples gesto.

2 comentários:

  1. O Xavi ontem jogou demais..,pra mim foi o melhor em campo.
    E o melhor disso tudo eh que o Cristiano Ronaldo se ferrou...
    Abraços

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  2. Venceu o melhor e mais bonito futebol do mundo...

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